Estetização de faróis e lanternas automotivas infringe legislação por alterar características e comprometer desempenho
A estetização de faróis e lanternas – ramo comum dos segmentos de manutenção e reparação – costuma oferecer serviços de personalização destes dispositivos luminosos. De modo geral, estes serviços são procurados pelo potencial de renovação visual do automóvel.
No entanto, desde 2017, mediante a resolução 667 do Contran, estão proibidos os procedimentos comuns à estetização de faróis e lanternas, como aplicação de pintura, adesivo, película ou qualquer outro tipo de material não previsto originalmente pelo fabricante. Lâmpadas de potência ou tecnologia diversas da original também não podem ser utilizadas.
A Arteb, uma das principais fabricantes mundiais de sistema de iluminação automotiva, destaca que o desempenho de faróis e lanternas é fruto de desenvolvimento num longo processo de engenharia, no qual ferramentas computacionais e requisitos normativos configuram cada aspecto do produto. “São consideradas várias questões neste trabalho, como a determinação das características de cada componente, incluindo dimensões e acabamento. Como resultado, existe uma configuração específica, da qual a robustez e a durabilidade dependem. Assim, quaisquer alterações na configuração geral comprometem o desempenho seguro e a durabilidade, isentando o fabricante de responsabilidades e colocando os usuários em risco”, explica Carlos Moura, coordenador de P&D da Arteb.
Moura lembra também que práticas comuns à estetização como a desmontagem para inserção de led ou pintura costumam fragilizar a estrutura do produto, resultando em entrada de água e propiciando a soltura e a degradação de componentes internos, que impactam no desempenho e reduzem a vida útil. “Até mesmo práticas que são aparentemente pouco invasivas, como a recuperação de lentes mediante polimento, afetam o funcionamento e a durabilidade do produto. O polimento danifica a superfície originalmente concebida e retira o envernizamento que servia de proteção. Mesmo nos casos em que se aplica verniz após o polimento, se faz por meios alternativos e alheios aos métodos e processos industriais, que de modo geral são os únicos capazes de assegurar o resultado necessário”, ressalta Carlos.
Enquanto a engenharia automotiva concebe faróis e lanternas enrobustecendo-os em cada aspecto, dos primeiros esboços até os últimos testes em laboratório, a estetização os fragiliza pelas mais variadas alterações, da retirada de características essenciais à incorporação de configurações incompatíveis com a estrutura e a finalidade destes produtos. Assim, a recomendação de Moura é preservar as características originais, em prol da segurança, mas que também agora inclui impactos no bolso, por multas e/ou perda precoce de faróis e lanternas que, fragilizados pela estetização, duram menos.