Lesões neurológicas por acidentes de trânsito são mais comuns em homens do que em mulheres
Um estudo publicado pela Unicamp apontou que os homens são responsáveis por 183% a mais de acidentes do que as mulheres. O relatório – que avaliou o período de junho de 2021 a junho de 2022 – aponta que os homens se envolveram em 192.643 ocorrências, contra apenas 68.039 das mulheres. Como resultado dessas ocorrências, os homens são os que mais apresentam lesões neurológicas como Traumatismo Cranioencefálico (TCE) e Traumatismo Raquimedular (TRM).
“Isso acontece porque os homens geralmente assumem mais riscos e tendem a ser mais imprudentes no trânsito. Mas não é só isso. No trabalho, os homens se acidentam mais, assim como são mais propensos a serem vítimas de violência, principalmente por projéteis de arma de fogo”, complementa o neurologista Brendon Popinhak.
Segundo o médico, quando se olha para o comportamento das mulheres, a perspectiva é bem outra: “As mulheres geralmente são mais prudentes, além de estarem mais abertas à medicina preventiva. Para a mulher é comum, por exemplo, ir ao ginecologista regularmente, bem como sempre checar seu estado geral de saúde”. Os dados da pesquisa da Unicamp apontam que esta realidade é ainda mais gritante entre os homens mais jovens. Na faixa etária entre 18 e 24 anos de idade, os homens sofrem aproximadamente 217% mais acidentes de trânsito que as mulheres. O relatório aponta ainda que o domingo é o dia da semana que, em média, apresenta o menor número de ocorrências. Elas acontecem mais às sextas-feiras e aos sábados, quando há um consumo maior de álcool e de drogas. “Os homens consomem mais essas substâncias, que representam as maiores causas de acidentes,”, reforça o neurologista.
Dados do Plano Nacional de Redução de Mortes e Lesões no Trânsito de 2021 destacam que os motociclistas representam 40,5% dos óbitos, a maioria por Traumatismo Cranioencefálico. Eles respondem também por 54% das internações pelo Sistema Único de Saúde (SUS), motivadas exatamente por acidentes de trânsito.
TRANSFORMAÇÕES NECESSÁRIAS – Brendon destaca que este tipo de comportamento possui um componente histórico e cultural que deve ser revisto: “Muitos casos de Traumatismo Cranioencefálico e de Traumatismo Raquimedular poderiam ser evitados. É o que observamos em países desenvolvidos, nos quais as lesões neurológicas por acidentes de trânsito estão em decréscimo, após esses países terem investido em programas de prevenção”. O médico destaca que esses tipos de lesões neurológicas deixam comprometimentos que podem afetar a qualidade de vida do paciente para sempre e exigirem tratamentos e programas de reabilitação prolongados e de custos elevados. “A grande questão que os dados nos trazem é que uma das principais causas de lesões neurológicas, principalmente em adultos jovens, é a lesão traumática, seja ela de acidente de trânsito seja de violência. E o melhor remédio é a prevenção: investir em conscientização e educação”, finaliza o médico.