TEST-DRIVE: FIAT TITANO RANCH – Essa picape é uma benção!
A Fiat Automóveis me enviou para avaliação, através da concessionária Revemar, a sua nova picape Titano, na versão topo de linha Ranch (que custa a partir de R$ 260 mil) e na sóbria cor preto Vesúvio. E me impressionei com ela, mesmo rodando numa cidade de ruas estreitas como Belém do Pará – ela se dá muito melhor em estradas e em terrenos off-road.
Externamente, como já ressaltei logo na introdução, percebi que a picape é larga demais até para as faixas de trânsito e de estacionamento de Belém, seja no comprimento (onde tem 5,33 metros) seja na largura, onde tem 2,22 metros, contando os retrovisores – que ainda bem que rebatem automaticamente ao trancar o carro. E rodando pelas principais avenidas, ela invariavelmente acabava ativando a todo momento o leitor de faixa e o respectivo alerta, o que culminava na desativação do velocímetro digital – que tinha que ativar novamente. Isso eu não gostei.
Também não gostei do fato das portas traseiras não abrirem ao apertar o botão da chave: um toque abria apenas a porta do motorista, sendo preciso apertar duas vezes para abrir as portas traseiras. E a tampa da caçamba não trancava apenas com o comando da chave: foi preciso retirar a chave física embutida no controle remoto para fechá-la de verdade.
Mas a achei muito imponente, chamando a atenção por onde passava – muita gente a achou até parecida com a Hilux. E suas rodas aro 18 lhe davam um ‘tchan’ a mais no visual.
Dentro, a Titano Ranch me encantou pelo conforto (afinal, são 3,18 metros de distância entreeixos), pelo bom revestimento de couro, pelos assentos dianteiros com ajustes elétricos, pelo multimídia de 10 polegadas com GPS integrado, pelas câmeras ao seu redor que dão uma visão 360 graus, pelo porta-luvas refrigerado, pelo ar-condicionado com regulagens independentes para o condutor e para o passageiro da frente, pelo painel com display digital de 4,2 polegadas ao centro, pelos botões de comando retrôs no console (a cara da Peugeot!), pelo volante com regulagem de altura e profundidade, pela ignição por botão e pelos inúmeros porta-objetos – tinha espaço pra guardar coisas até embaixo do banco traseiro!
No quesito Segurança, ela também me impressionou pelas tecnologias, tirando o alerta de saída de faixa (que já expliquei acima) e os sensores de proximidade, que eram ativados a todo momento, quando motos, bikes e pedestres passavam perto, resultando na mudança da visualização do quadro de instrumentos e até do multimídia – achei chato, isso. Mas gostei do sensor de pressão dos pneus e dos sensores de estacionamento na frente e atrás – muito úteis.
Equipada com motor 2.2 turbodiesel de 180 cavalos (mesmo da Ducato), a Titano Ranch vem de série com câmbio automático de 6 marchas e com uma tração 4×4 com opção de reduzida e bloqueio do diferencial traseiro. Nos trajetos em terra, cascalho e areia que fiz nela, de propósito não ativei o modo 4×4 pra ver como ela se saía: e ela não decepcionou no 4×2, pois seus grandes pneus 265/60R passaram tranquilos pelos obstáculos e seus bons ângulos de entrada (29 graus), saída (27 graus) e de transposição (25 graus) ajudaram.
Sem dizer que tem altura capaz de atravessar alagados com 600 mm de profundidade: não cheguei a enfiá-la num riacho, mas sua altura em relação ao solo é boa demais – pra você ter ideia, dando carona pra minha mãe, tinha que levar uma banqueta, para ela poder entrar no assento traseiro.
Só não gostei do fato do capô vibrar muito, com o carro ligado. Dava pra ver a vibração pelo parabrisa. Também não gostei do ajuste da suspensão: apesar dos bancos confortáveis e da suspensão independente na frente e com feixe de molas atrás, ela balançava muito rodando na cidade, ainda mais numa Belém repleta de buracos por todos os lados e de todos os tamanhos, mais parecendo uma cópia da lua.
CONCLUSÃO: A Titano Ranch pode ainda estar na rabeira do ranking das picapes médias mais vendidas do Brasil, mas não tenho dúvidas de que tem muito a mostrar e que, com certeza, subirá alguns degraus nesse ranking, até porque ainda está vindo em pouca quantidade do Uruguai, onde é fabricada – é baseada na Peugeot Landtrek. Sem dizer que a Fiat sabe trabalhar direitinho esse segmento, inclusive tendo uma picape sua (a Strada) como o veículo mais vendido do Brasil entre todas as categorias.
Ou seja, é questão de tempo pra Titano galgar posições, contando com a força da marca e das mais de 520 concessionárias por todo o Brasil e por ter 5 anos de garantia, ótima capacidade de reboque (3,5 toneladas), a maior caçamba da categoria (1.314 litros de capacidade, mas na Ranch é de 1.109 litros) e um consumo fora de série – pra você ter ideia, o prazo do test-drive terminou e ainda a entreguei com 1/3 do tanque de 80 litros, de tão econômica que ela é: 8,5 km/litro na cidade e 9,2 km/litro na estrada.
E acelera muito (0 a 100 km/h em 12,4 segundos e máxima de 175 km/h) e freia melhor ainda, mesmo com discos na frente e tambor atrás. Pra completar, se a Fiat aperfeiçoar a suspensão e lhe deixar mais confortável na cidade, terá predicados imbatíveis pra ‘bater de frente’ com as rivais.