Scania tem 1º caminhão movido a biometano em operação no Brasil
A Scania e a ZEG, empresa do grupo Capitale Energia, dedicada exclusivamente à geração de energia renovável, estão juntas no projeto que colocou em operação no Brasil o 1º caminhão 100% movido a biometano. O projeto é inédito e nasce numa das usinas da São Martinho, um dos maiores grupos sucroalcooleiros do Brasil, que realizará demonstrações usando o biometano da ZEG num caminhão Scania modelo G 410 XT 6×4, também o 1º caminhão fora de estrada a ser movido a biometano na história do Brasil.
“Nosso propósito é liderar a transformação para um sistema de transporte sustentável. E não poderíamos fazer isso sozinhos – justamente o que mostra esta parceria, pois de um lado oferecemos a tecnologia e, do outro, a ZEG viabiliza a produção do combustível e o abastecimento. Estamos olhando na mesma direção e convencidos de que esta aproximação representa uma oferta completa, em que nossos clientes se beneficiarão do ponto de vista da contribuição para a redução do impacto ao meio ambiente, além de ganhos em eficiência e diminuição de custos. Esta iniciativa inovadora abre uma frente capaz de incentivar outras empresas a embarcarem na jornada de descarbonização do setor. Sabemos que somos parte do problema e seguramente queremos ser parte da solução. Para isso, temos trabalhado fortemente para trazer soluções que diminuam o impacto ambiental. Um desses pilares são os combustíveis alternativos renováveis e não fósseis – viáveis aqui e agora.”, diz Christopher Podgorski, Presidente e CEO da Scania Latin America.
Segundo Daniel Rossi, CEO da ZEG e sócio-fundador da Capitale Energia, a ZEG desenvolveu uma tecnologia de produção do combustível em estruturas de médio porte, com escala replicável. A ideia é instalar plantas de produção no interior do Brasil (onde atualmente a oferta de gás natural é inexistente), em parceria com empresas de agronegócio ou indústrias. “Utilizando resíduos orgânicos, conseguimos produzir um combustível de excelente qualidade, com performance equivalente ao gás natural e com muitas vantagens ambientais, com redução de até 90% da emissão de gases do efeito estufa. E a nossa expectativa é contribuir com empresas de logística ou que possuem frotas próprias, para que viabilizem sua transição energética.”, explica o executivo.
A aposta da Scania pra América Latina está nos veículos movidos com gás natural e/ou biometano. E, para isso, em 2018 ela investiu R$ 21 milhões na industrialização de novos veículos que passarão a ser produzidos a partir do 1º trimestre de 2020, na fábrica de São Bernardo do Campo (SP). “Globalmente, em 2018 vendemos 4.540 veículos comerciais com combustíveis alternativos e híbridos. Sabemos que a Europa está na frente, mas temos o mesmo propósito e vamos buscar parceiros que tenham como visão soluções que permitam transformar o combustível ‘alternativo’ no novo ‘normal’. A parceria com a ZEG é exemplo de como é possível fechar essa equação. O papel dela é fundamental, ao viabilizar o acesso a um gás renovável. Ou seja, fornecerá o combustível e entregará aos nossos clientes a possibilidade de participarem da mudança para um sistema de transporte sustentável.”, afirma Presidente da Scania Latin America.
FUTURO PRÓXIMO – O GasBio – nome dado ao combustível da ZEG – está sendo produzido no distrito de Sapopemba, em São Mateus (SP), a partir do biogás do Centro de Tratamento de Resíduos Leste. Mas a tecnologia permite a produção de combustível a partir de resíduos da cultura de cana-de-açúcar e de outros tipos de resíduos agrícolas e industriais. Por isso, o próximo passo é disponibilizar o GasBio aos consumidores da Rota do Agronegócio, que contempla as rodovias que ligam o Centro-Oeste ao porto de Santos, como a BR-163, a BR-364 e a BR-504. A Zeg, inclusive, já desenvolveu parcerias com fornecedores de equipamentos para postos que poderão operar com segurança no abastecimento do GasBio.
OPORTUNIDADES – Recentemente, uma conjuntura de fatores mudou o cenário de combustíveis no Brasil, principalmente o desenvolvimento do mercado de biometano e a perspectiva do aumento da oferta oriunda das reservas do pré-sal, que podem garantir maior oferta do combustível e preços mais competitivos. A cidade de Estocolmo, na Suécia, é referência em uso de biometano, com a maior frota mundial de ônibus movidos a este biocombustível. Lá, todo lixo orgânico é reciclado e, desde a década de 70, as autoridades criaram barreiras para os aterros sanitários, incentivando a reciclagem e a geração de biogás. Já o mercado de biogás no Brasil passou a se desenvolver por conta do enorme potencial de produção identificado, bem como do desenvolvimento tecnológico e de uma maior consciência da sociedade em relação à necessidade de viabilizar fontes energéticas limpas.
O potencial de produção de biometano no setor sucroalcooleiro e no agronegócio é de cerca de 70 milhões de m³/dia, segundo a ABiogás – motivo pelo qual o setor vem se referindo a esse potencial como o ‘pré-sal caipira’. Apenas para referência, o consumo de gás natural no Brasil em 2018 foi de cerca de 63 milhões de m³/dia. Especificamente em relação ao gás, seja GNV ou biometano, a Scania entende que são alternativas viáveis e prontas pra serem usadas em veículo comerciais. O GNV é realidade no Brasil, que também conta com enorme potencial de biometano. Já, na terra natal da fabricante de caminhões, 90% do transporte público é movido a biometano.