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Casa Fiat de Cultura resgata a imigração italiana pela América do Sul

Após a unificação, na segunda metade do século 19, o Itália passou por transformações sociais e econômicas (reflexo da guerra e do fortalecimento da industrialização) que deram início ao êxodo rural, quando pessoas saíram dos campos em busca de oportunidades nas cidades. Sem empregos para todos, muitos italianos foram obrigados a procurar alternativas do outro lado do oceano pra mudar de vida e superar a pobreza. No início dos anos 1900, Brasil e Argentina começaram a receber famílias inteiras de italianos. Cerca de 11 milhões de pessoas desembarcaram no continente sulamericano, dos quais 38% vinham da Itália.

Família de italianos no Brasil (Foto: Arquivo Público do Estado de SP)

E a Fiat presta uma homenagem a esses desbravadores na nova exposição na Casa Fiat de Cultura, em Belo Horizonte (MG), chamada “Percorsi Italiani – 120 anos de história na Casa Fiat de Cultura” e que vai até 1º de março de 2020 – como sempre, com entrada gratuita. A mostra fala dos imigrantes italianos que formaram essas novas comunidades e como muitas vezes a ainda novata (fundada em 1899) Fabbrica Italiana Automobili Torino os ajudou no transporte, já que produzia carros, trens (como o Pendolino e o Littorina 1934) e até motores para navios, aviões e submarinos – sem falar de utensílios domésticos como geladeiras e máquinas de lavar. Ao todo, são mais de 100 imagens históricas vindas de acervos do Museu da Imigração (Arquivo Público de São Paulo), do Museu Histórico Abílio Barreto, do Arquivo Público Mineiro, do Centro Storico Fiat e da FCA Group Argentina.

Embarque de Italianos para o Brasil (Foto: Arquivo Público do Estado de SP)

Como numa viagem pelo tempo, cada cena permite reviver costumes, objetos, estéticas e estilos. Que o digam os destaques da mostra, como uma bola de 1921 do Palestra Italia (Cruzeiro), time fundado por imigrantes italianos; o livro de registro de entrada de imigrantes em Belo Horizonte; as reproduções de pôsteres publicitários da Fiat; um desenho original de Raffaello Berti, que fez mais de 500 projetos arquitetônicos em BH; um passaporte italiano de 1909; um dos últimos quadros de Amadeo Luciano Lorenzato; um exemplar histórico do Fiat 147; e uma foto de Minas Horizontina, 1ª menina nascida na capital mineira descendente de italianos. “Nessa exposição, contamos a história da Fiat e de milhares de italianos que resolveram deixar sua terra natal em busca de uma nova vida nas Américas. Tomamos a liberdade de usar um termo italiano (‘Percorsi Italiani’) pra descrever esse percurso repleto de idas e vindas que nos fazem reviver a mistura das culturas brasileira, argentina e italiana e as muitas paixões comuns que nós temos – como a arte, a culinária, o futebol e automóveis”, diz o presidente da Casa Fiat de Cultura, Fernão Silveira. 

Porto de Santos (Foto: Arquivo Público do Estado de São Paulo)

O visitante começa seu percurso na Galeria de 12 imagens, instalada no hall principal da Casa Fiat de Cultura – e que conta ainda com uma instalação que remete às sacas de café carregadas pelos estivadores italianos. Cada uma das décadas, ao longo dos últimos 120 anos, está representada numa imagem marcante, que conta um pouco do cenário cultural, industrial e social do período em questão. Há ainda uma linha do tempo, dividida em 12 décadas e com fotos e vídeos raros, que mostram os acontecimentos de cada período. Na escadaria que conecta o hall ao mezanino, há uma foto de navio, meio de transporte dos imigrantes. O percurso fica completo com a exibição dos aeromodelos Republic P-47 Thunderbolt (conhecido como “Jug”) e Vought F4U Corsair, que representam a atuação da Fiat na indústria de aviões. Há também um exemplar original do Fiat 147, que é utilizado como uma plataforma de memórias, com a projeção em seu para-brisas de filmes da inauguração da Fiat e da primeira propaganda do modelo.

Foto: Leo Lara/Studio Cerri
Foto: Leo Lara/Studio Cerri

Para destacar as linguagens plástica e artística, há um ambiente com os principais pôsteres da Fiat e um monitor passando vídeos publicitários. Na Piccola Galleria, são expostos vídeos, imagens e objetos que retratam a vida cotidiana dos imigrantes que ajudaram a formar a identidade belo-horizontina. Já o artista Flávio Vignolli e o coletivo 62 Pontos, junto ao QuartoAmado, prepararam um mural de pôsteres lambe-lambe no mezanino, formado pela sobreposição de 200 cartazes, que propõem diálogos entre as culturas italiana e mineira.

Fábrica de Lingotto em 1944, depois de um bombardeio aéreo (Foto: Centro Storico Fiat)

Com curadoria da jornalista e historiadora Cinthia Reis, a mostra traz um pouco do legado deixado por esse povo em nossa cultura e é uma realização da Casa Fiat de Cultura; da Secretaria Especial de Cultura e do Ministério da Cidadania, em parceria com o Centro Storico Fiat; da Prefeitura Municipal de Belo Horizonte; do Museu Histórico Abílio Barreto, com o apoio do Consulado da Itália em Belo Horizonte; do Circuito Liberdade; do Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e do Governo de Minas Gerais. O patrocínio é da Fiat Chrysler Automóveis, da FCA Fiat Chrysler Participações e do banco Safra.

Acordo de comunhão de interesses entre Fiat e o Governo de Minas, 1973 (Foto: Studio Cerri)

SERVIÇO
Exposição “Percorsi Italiani – 120 anos de história na Casa Fiat de Cultura”
Local: Casa Fiat de Cultura, no Circuito Liberdade – Praça da Liberdade, 10, no bairro Funcionários, em Belo Horizonte (MG) Período: de 26 de novembro de 2019 a 1º de março de 2020 Curadoria: Cinthia Reis Horário: de terça-feira a sexta-feira, das 10h às 21h; e aos sábados, domingos e feriados, das 10h às 18h. Entrada gratuita.

Auto Destaque

O Caderno Auto Destaque é publicado ininterruptamente desde 1987 no jornal Diário do Pará, apresentando lançamentos e tudo mais sobre o mercado automotivo.

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