Etanol é estratégico pra FCA
“O etanol e a frota flex são fatores estratégicos para a FCA e o Brasil”, disse João Irineu Medeiros, Diretor de Assuntos Regulatórios e Compliance da Fiat Chrysler Automóveis para a América Latina, durante conferência sobre açúcar e etanol realizada em São Paulo. Ao participar do painel “Novas Tecnologias Automotivas”, o executivo ressaltou que, quando considerado o conceito ‘do campo à roda’, o uso do etanol é altamente eficiente no que diz respeito a emissões de poluentes, porque a cana-de-açúcar, em seu ciclo de desenvolvimento vegetal, absorve de 70% a 80% do CO2 liberado na produção e queima do etanol combustível.
E as perspectivas de ampliação do uso do etanol são promissoras, devido ao esforço dos produtores do combustível e das montadoras. Irineu destacou que a cadeia da agroenergia está focada em produzir combustíveis de modo mais eficiente e com oferta estável e previsível. Ao mesmo tempo, a FCA quer aumentar a eficiência energética da combustão do etanol e está desenvolvendo um motor turbo que usará este combustível. “O gap energético entre o etanol e a gasolina gira em torno de 30%, mas estamos trabalhando pra reduzir esta lacuna, empregando novos conceitos e novas tecnologias, algumas com patente própria. Estamos aprimorando calibração, partida a frio, razão ar/combustível, injeção direta, turboalimentação e melhoria termodinâmica. Com isto, o etanol será viável mesmo nos níveis mais rigorosos de regulamentação, previstos para a próxima década. O etanol também é um combustível competitivo para veículos híbridos das categorias HEV e PHEV e pode se tornar a base de células de combustível eficientes.”, acrescentou o diretor da FCA.
Mas ainda há muito trabalho a ser feito, como melhorar a especificação do etanol (reduzindo a quantidade de água, por exemplo), ampliar seu uso, otimizar o consumo dos veículos e reduzir a emissão de CO2. João Irineu enfatizou que o Brasil tem 4 décadas de acúmulo de tecnologia na produção do etanol combustível e de veículos que o usam. Por isso, intensificar a opção por ele é uma decisão inteligente, que leva em conta a imensa plataforma produtiva, logística e de distribuição já implantada. “Temos que tirar disto as vantagens comparativas que representam na busca de uma mobilidade com menos carbono e de um balanço mais favorável de emissões. Temos que investir tempo, dinheiro e inteligência nisto. E só o Brasil pode fazer isto. Nenhum outro país tem um ativo desta importância e magnitude. Para isto, precisamos de uma agenda estratégica compartilhada entre governo, empresas, universidades e sociedade”, concluiu.
HOMENAGEM – Durante a 19ª Conferência Internacional Datagro sobre açúcar e etanol, João Irineu recebeu do ministro do Meio Ambiente Ricardo Salles o prêmio outorgado à Fiat Chrysler Automóveis pelo pioneirismo na produção em série do Fiat 147, em 1979, que foi o 1º carro a etanol do Brasil. Apelidado de “Cachacinha” por causa do odor característico exalado pelo escapamento, o 147 a etanol simbolizou um marco importante para a engenharia automotiva brasileira, que a partir dali criou tecnologias em prol de veículos mais eficientes e menos poluentes.
Mas a história do Fiat 147 a etanol iniciou em 1976, quando as pesquisas e o desenvolvimento do motor movido ao derivado da cana-de-açúcar começaram. Ainda em 1976, no Salão do Automóvel de São Paulo, a Fiat expôs um protótipo do 147 a etanol. Em 1977, ela se dedicou a aperfeiçoar o produto e, em 1978, criou o motor 1.3 de 62 cavalos, que durante os testes acabou se mostrando mais adequado para usar etanol. No início de 1978, 3 unidades do Fiat 147 a etanol foram entregues ao Departamento Nacional de Estradas de Rodagem para serem usado no policiamento da ponte Rio-Niterói. Em setembro de 1978, um 147 a etanol realizou o teste definitivo: uma viagem de 12 dias e 6.800 quilômetros pelo país, percorrendo uma média de 500 quilômetros diários, sendo 3 mil quilômetros por vias de terra e enfrentando variações climáticas de mais de 30 graus.
