Filtro de ar: dicas de troca
Os reparadores e donos de veículos sabem que é preciso substituir o filtro do ar depois de algum tempo. Na maioria das vezes, é um trabalho rápido e nem precisa de ferramentas. Mas essa aparente facilidade pode criar uma série de problemas, pois não basta fazer, é preciso fazer bem feito.
INTERVALO – Um primeiro cuidado, que muitos ignoram, é sempre trocar o filtro do ar de acordo com os intervalos recomendados no manual do veículo, seja para uso normal ou severo. Na linha pesada, é comum existir no painel um alerta para indicar que o elemento está saturado. Quem adia a troca enfrenta problemas de dirigibilidade e ainda gasta mais com combustível e manutenção.
COMPRA – Nas oficinas, é comum encontrarmos veículos usando filtros do ar incorretos. Seja por causa do preço ou daquela conversa de que “eu não tenho o modelo exato aqui, mas esse também serve”, vários motores acabam danificados. O sistema é projetado para trabalhar com máxima precisão. Qualquer diferença nas dimensões do elemento pode criar uma entrada de ar falsa. Com as novas tecnologias, encontrar os filtros corretos para cada aplicação é muito fácil.
ADAPTAÇÕES – Trocar o conjunto original do filtro do ar por outro modelo, como um “esportivo”, também não é recomendado. Esses produtos costumam oferecer menor restrição ao fluxo de ar, de forma a garantir mais potência. O problema é que o caminho mais fácil para conseguir esse ganho é utilizar materiais que filtram apenas as impurezas maiores.
QUALIDADE – Muitas vezes, encontramos à venda elementos filtrantes que parecem iguais e têm preços bem diferentes. Isso acontece porque é possível fabricar um filtro com materiais de diversas qualidades. Mas um composto inferior não protege o motor da forma adequada. Grande parte da poeira acaba passando direto e age internamente como uma lixa. Filtros originais são certificados por normas internacionais e conseguem reter mais de 99% das impurezas do ar. Seu papel, de altíssima qualidade, chega a capturar partículas com até 1 milésimo de milímetro de diâmetro (cerca de 50 vezes menor que a ponta de um fio de cabelo). Um produto mais barato nunca terá essa eficiência.
LIMPEZA – Além de usar o filtro correto e original, é preciso tomar uma série de cuidados na hora da instalação. O ideal é começar pela limpeza do alojamento. Como o sistema estará desmontado, nunca use jatos de ar, pois uma parte da sujeira pode acabar dentro do motor. Prefira um aspirador de pó (com bico e escova) e, pra finalizar, um pano que não solte fiapos.
REVISÃO – Também faça uma revisão completa em todo o sistema de filtragem do ar, principalmente nas peças plásticas, nas presilhas, nas vedações, nas mangueiras, nas fixações e nas abraçadeiras. Nos veículos que usam pré-filtros, é preciso realizar a limpeza desses conjuntos e verificar se tudo está funcionando corretamente.
DESCARTÁVEL – Por último, outro ponto fundamental é evitar a famosa ‘limpeza’ do filtro com o uso de compressores ou batendo o componente pra tirar a poeira. Além de não ajudar em nada, esses procedimentos acabam rompendo a estrutura do papel. O elemento filtrante pode até parecer que ficou bem limpo, mas a sua capacidade de reter as impurezas estará comprometida.
FALSIFICAÇÕES – Nos últimos anos, o Brasil foi invadido pelas peças falsificadas. As apreensões mostram que os criminosos são capazes de copiar quase tudo, de lâmpadas a para-brisas. Segundo a Associação Brasileira de Combate à Falsificação, esse ‘mercado paralelo’ fatura bilhões de reais por ano na reposição automotiva, causando grandes prejuízos para os profissionais do setor e seus clientes.
A principal estratégia dos falsificadores é vender as autopeças bem abaixo do preço normal, sem nota fiscal e com entrega imediata. Hoje em dia, comprar qualquer produto nessas condições é garantia de problema. Uma mercadoria que traz a marca de uma grande indústria e está sem documentos costuma ter duas origens: é falsa ou é parte de uma carga roubada. Como esses golpes causam uma reação em cadeia, é preciso estar sempre alerta. O ideal é negociar apenas com empresas idôneas, pedir as notas fiscais e arquivá-las. Esses cuidados são fundamentais para varejistas, reparadores e donos dos veículos. Se todos trabalharem da forma correta, ninguém perde.
Além dos itens falsificados, outra prática cada vez mais comum é a venda de autopeças importadas de uma forma independente. Na maioria das vezes, são comercializadas pela internet sem nota ou qualquer garantia. Muitas são falsas ou entram no país via contrabando.
Como as peças ‘piratas’ são feitas com materiais inferiores e sem qualquer controle de qualidade, outra dica é prestar atenção às embalagens e detalhes do produto, que trazem gravados os números de série e até a hora em que são produzidos. Nas caixas estão em destaque todos os dados do fabricante, ao contrário da maioria dos itens falsos. Outro sinal de que algo está errado é quando vendem os componentes em embalagens não identificadas ou até mesmo sem as caixas. Nenhuma grande empresa faz isso.
Os profissionais da reposição automotiva precisam ficar muito atentos a essas questões. A empresa que vende ou instala um produto falso, roubado ou contrabandeado, pode acabar tendo sérias complicações. Um filtro de óleo de baixa qualidade pode destruir o motor e dar um prejuízo de milhares de reais. Na maioria das vezes, casos assim terminam na justiça. No Brasil, o mercado de autopeças para reposição é o 2º mais atacado pelos falsificadores, atrás apenas dos cigarros. As indústrias do setor e as autoridades estão empenhadas em combater esses crimes, mas é um trabalho longo. Por isso que os clientes precisam ficar atentos e entrar em contato sempre que desconfiarem.