Na semana em que se comemora o Dia do Motorista (25 de julho) e o do Motociclista (27 de julho), hospitais públicos que são referências no Pará em atendimento a vítimas de acidentes de trânsito reforçam a necessidade da direção segura: o Hospital Metropolitano de Urgência e Emergência, no município de Ananindeua, atende casos mais graves e urgentes, enquanto que o Hospital Público Estadual Galileu, também na região metropolitana de Belém, atua como retaguarda.
Pedestres e ciclistas, que não têm a obrigatoriedade de carteira de motorista, são as vítimas mais graves nos casos de colisão ou atropelamento, já que estão mais expostos. Por isso o papel dos motoristas e dos motociclistas na direção preventiva é crucial.
Natanael Costa, de 27 anos, está internado no Hospital Galileu há alguns dias, após passar por procedimento cirúrgico. Ele quebrou uma das pernas num acidente de moto, em Castanhal, no nordeste paraense. “Estava trafegando na preferencial, quando um carro apareceu de surpresa numa das vias que cruzavam a rua, fazendo com que eu batesse nele”.
Casos como o de Natanael não são exceção. O desrespeito à preferencial contraria o Código de Trânsito Brasileiro e é um exemplo de imprudência, quando a atitude indevida é tomada sem a cautela e o zelo necessários.
Outra situação comum é não usar capacete, o que configura negligência do piloto. Há ainda casos de condutores que não têm CNH e, mesmo assim, dirigem livremente, principalmente em locais onde a fiscalização não é tão intensa. Nessas situações, as causas dos acidentes estão relacionadas à imperícia – quando o motorista não tem conhecimento técnico, teórico ou prático necessários para guiar.
CONSEQUÊNCIAS – Acidentes de trânsito podem ter várias consequências, como fraturas, deformações de membros, amputações, traumatismos cranianos e óbitos. “Temos uma grande demanda de pacientes polifraturados (com mais de uma fratura) e politraumatizados, que passaram por cirurgias no Hospital Metropolitano e que posteriormente são encaminhados ao Galileu, para fazer o tratamento definitivo e a recuperação. Em sua maioria, as fraturas são de tíbia e antebraço. Em casos raros, de fêmur”, informou o ortopedista Marco Antônio Damasceno, do HPEG.
O acidente desencadeia vários atendimentos, desde urgência e internações até cirurgias e exames. E não se encerra no pós-operatório. “A reabilitação é um processo importante, que envolve fisioterapia e terapia ocupacional. E quando a vítima não se restabelece, gera um custo social muito grande, pois ela não volta a trabalhar e compromete até o sustento da família”, alertou o coordenador de Reabilitação do Metropolitano, Rafael Araújo.
BALANÇO – Das quase 16 mil pessoas atendidas no HMUE em 2018, mais de 4.100 casos (25%) foram em decorrência de complicações causadas por colisões de automóveis (40%), acidentes de moto (38%), atropelamento (17%) e acidentes com bicicletas (5%).
No 1º semestre de 2019, das mais de 7.700 pessoas atendidas até junho, quase 2 mil casos foram relacionados à insegurança no trânsito. Foram registradas 801 ocorrências de colisões de automóveis (41%), 692 acidentes com motocicletas (35%), 352 atropelamentos (18%) e 94 acidentes envolvendo bicicletas (5%). Ainda foram registrados 13 acidentes náuticos, frente à nenhuma ocorrência em 2018, alertando que os cuidados com o trânsito não devem ser restritos às vias terrestres.
INFECÇÕES – Na área da saúde, uma das preocupações é o controle de infecções nas fraturas expostas, que podem levar à morte. As 6 primeiras horas pós-trauma são decisivas no tratamento, por isso há necessidade de uma conduta padrão de uso de antibiótico no atendimento inicial.
O problema é que este trabalho pode ser dificultado, uma vez que cada instituição adota os próprios protocolos e não há uniformidade na rede. Pra reverter esse quadro, a direção do HMUE apresentou proposta pra Rede de Atenção de Urgência e Emergência, que reúne hospitais, Unidades de Pronto-Atendimento e secretarias de Saúde do Estado e de municípios paraenses. Enquanto o procedimento não é padronizado, tratamentos específicos são adotados no Galileu. “Nos usuários com fraturas expostas contaminadas, usa-se um fixador externo de ilizarov, pois a inserção de placas internas se torna inviável. Com o fixador, a fratura é tratada mesmo externamente, na tentativa de reduzir as sequelas”, disse o ortopedista.
PREVENÇÃO – Várias unidades da rede pública de saúde, sob o comando da Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa), desenvolvem o programa Direção Viva: Você Consciente, Trânsito mais Seguro!, que promove ações de conscientização sobre as sequelas oriundas de traumas por acidentes de trânsito. E nesta sexta-feira, 26 de julho de 2019, funcionários do Hospital Metropolitano voltarão à rodovia BR-316 para mais uma atividade que usa maquiagem para simular ferimentos, com o propósito de apontar as áreas do corpo humano mais atingidas nesse tipo de ocorrência e chamar a atenção para os perigos da desatenção no trânsito.