Já pensou em registrar um B.O. pelo celular?
Imagine essa situação: uma vítima de furto, roubo ou acidente de trânsito pega seu celular e registra um Boletim de Ocorrência (B.O.) na polícia. Como ela faz isso? Por meio de um aplicativo, ela digita seu CPF e faz uma selfie, que é imediatamente submetida ao reconhecimento facial do Datavalid. Após a validação, o aplicativo oferece a possibilidade de gravação de áudio para relatar a situação. Esse áudio é transcrito por processamento de linguagem natural e o texto é classificado conforme a natureza do crime, com o suporte de inteligência artificial e a identificação por satélite da localização exata do cidadão. Ficção científica? Não. É a Delegacia Virtual, em fase de concepção pelo Serpro, junto ao Ministério da Justiça e Segurança Pública, e cujo protótipo foi apresentado em São Paulo no Futurecom, maior e mais importante evento de tecnologia, telecomunicação e transformação digital da América Latina. O protótipo inclui outra interface, demonstrada numa TV, que indica, dentro de um mapa, as ocorrências registradas em tempo real – para que o cidadão ou gestor tenha percepção instantânea da criminalidade e demais ocorrências.
Segundo João Paulo Souza, gerente de Soluções de Inteligência e Procedimentos Policiais do Serpro, o serviço está sendo idealizado pra rodar em dispositivos móveis e totens nas delegacias, sempre com acesso por reconhecimento facial ou autenticação no Gov.br. As delegacias físicas poderão acessar as ocorrências para homologar os registros e, dependendo da natureza do B.O., o cidadão terá que comparecer ao órgão pra dar mais informações. “O projeto está em fase de concepção de negócio e detalhamento de requisitos e ainda não tem uma data específica de lançamento. Contudo, a estratégia será de implantação modular, o que antecipa alguns recursos ao cidadão. Os tipos de ocorrências disponibilizadas ao cidadão para registro por meio da Delegacia Virtual serão definidas por cada UF, dentro da competência e autonomia da Polícia Civil de cada Estado“, explica o gerente.
Quando for lançada, todas as delegacias poderão aderir. Os pré-requisitos são simples: treinamento dado pelo Serpro aos agentes policiais e estações de trabalho ou dispositivos móveis conectados à internet. A Delegacia Virtual vai integrar-se ao módulo Procedimento Policiais Eletrônicos do Sistema Nacional de Informações de Segurança Pública, que facilita a gestão e o registro de procedimentos policiais e já está funcionando em alguns Estados. Ele oferta o cadastro e a tramitação de Boletins de Ocorrência desde seu registro até seu fechamento ou encaminhamento como procedimento policial, em forma de Inquérito Policial, Termo Circunstanciado de Ocorrência, Auto de Investigação de Ato Infracional ou registro de Auto de Prisão em Flagrante. O projeto se soma ao esforço do Governo Federal de modernização, ofertando mais um serviço digital à sociedade. Entre as vantagens pra população estão a facilidade de acesso e uso do serviço de registro de boletins de ocorrência e maior celeridade no atendimento. Para o Estado, a inovação significa um conjunto de dados maior, mais robusto e organizado da segurança pública; a simplificação de processos; e a desoneração do agente policial lotado na delegacia física, que poderá empregar sua força de trabalho noutras atividades policiais.