Kombis são customizadas do Brasil para o mundo
Em 2015, o empresário Alexandre Fares descobriu que trabalhar com conservação, restauração e manutenção de Kombis e vendê-las para compradores de outros países poderia ser um excelente negócio. A ideia surgiu quando percebeu que, no Brasil, o veículo ainda carrega o estigma de van para transporte de passageiros ou de cargas.
Mas lá fora, a Kombi é objeto de desejo de colecionadores, de empresas de turismo e até mesmo de quem sonha com uma casa sobre 4 rodas, o famoso motorhome. E Fares estava certo. Pra se ter ideia, hoje, uma Kombi Corujinha restaurada, colocada no porto de destino, não sai por menos de 32 mil Euros (quase R$ 200 mil), incluindo custo, seguro e frete (CIF).
Desde que entrou para o ramo, o modelo mais caro exportado por Fares foi uma Kombi 1959, comprada por um cliente da Austrália por 40 mil Euros (cerca de R$ 250 mil). E o que não faltam são compradores ávidos. Hoje, a empresa de Fares, chamada Brazil Kombi, exporta em média 100 veículos por ano para Alemanha, Andorra, Austrália, Bélgica, Canadá, Espanha, EUA, França, Holanda, Inglaterra, Itália, Líbano, Portugal, Suíça e Porto Rico.
E pra chegar a todos esses países de forma competitiva e com segurança, Fares usa os serviços da Ventana Serra do Brasil, empresa de logística que atende grandes empresas automotivas, como a Fiat. A experiência da Ventana Serra foi ‘uma mão na roda’ pra Brazil Kombi, que só precisa fazer a transferência da documentação em nome do comprador e entregar o veículo no terminal do porto do Rio de Janeiro. A Ventana Serra faz a reserva da carga, providencia a documentação junto à Receita Federal, encontra o navio na rota necessária e cuida do transporte até o porto final, onde o importador faz a retirada do carro. “O cliente nos entrega o veículo, fazemos o desembaraço aduaneiro, a carga vai a bordo do navio e pronto”, resume Bruno Vasconcelos, executivo de vendas da Ventana Serra no Rio.
As Kombis restauradas por Fares são transportadas dentro de contêineres, como se fossem ‘embrulhadas para presente’. Porque não são simplesmente Kombis restauradas, já que algumas são customizadas com capricho e criatividade. É o caso de um motorhome batizado Herbie, na cor bege e com pintura que remete ao famoso filme da Disney, “Se meu Fusca Falasse” (em inglês, “The Love Bug”). A ‘obra de arte’ foi adquirida por um francês por 19 mil Euros, cerca de R$ 120 mil.
E haja criatividade para entregar tantos pedidos diferentes. Qual a receita para isso? “Não tem uma ciência. É tudo feito na emoção”, entrega Fares. Herbie fez tanto sucesso que a Brazil Kombi recebeu duas encomendas do mesmo modelo, que serão enviados para a França e para a Alemanha. Fares diz que o segredo é o boca a boca: “Um empresário australiano que aluga veículos para casamentos e aniversários visitou vários clientes meus na Europa antes de me procurar. E quando viu que o negócio era seguro, ele comprou dez Kombis de uma só vez”.
A Kombi não é a única queridinha dos estrangeiros, apesar de responder por 90% das exportações da Brazil Kombi. Há ainda procura pelo esportivo Puma, bem como por Fusca, Variant, Brasília e Saveiro. O serviço de reforma, restauração e customização dos carros é feito por 11 funcionários numa oficina de 500 metros quadrados em Duque de Caxias (RJ), sede da empresa e que possui ainda um depósito de mesmo tamanho. Fares e o sócio Paulo Victor Mesquita cuidam da parte administrativa e do atendimento aos clientes.
Para ter noção do cuidado, o processo de reforma de uma Kombi leva em média 3 meses. E quando se trata de restauração ou personalização, o trabalho é ainda mais demorado, podendo chegar a 6 meses. Atualmente, a demanda está maior que a capacidade de atendimento da empresa.