Veículos 4×4 demandam cuidados com eixos cardans e diferenciais
O mercado de veículos 4×4 está em expansão. É cada vez maior o número de pessoas que optam por trocar seus carros com tração convencional por utilitários e fora de estrada. O que muitos dos novos proprietários destes 4×4 se esquecem é que é preciso um conhecimento especializado para realizar a manutenção destes carros, que possuem algumas peças que só fazem parte de veículos com tração nas 4 rodas. Embora pareçam serviços simples, os reparos em cardans e diferenciais requerem conhecimento específico e ferramental apropriado.
Responsável pela transmissão de força do motor para o diferencial, o cardan equipa todo veículo de tração traseira com motor dianteiro. Uma das principais preocupações em relação à manutenção deste componente é a lubrificação, que atenua as conseqüências das altas temperaturas e do grande esforço ao qual o cardan é submetido. Feita sempre em dia e com a graxa correta, ela garante o perfeito funcionamento e a maior durabilidade do componente.
É recomendável o uso de lubrificantes EP2 à base de sabão de lítio. Caso o veículo rode mais principalmente na cidade, aconselha-se a lubrificação a cada 3 meses ou a cada 15 mil ou 20 mil quilômetros percorridos, o que ocorrer primeiro. Em uso rodoviário, os prazos são menores: 1 mês ou 8 mil a 13 mil quilômetros rodados. Já nas aplicações severas ou fora-de-estrada, é preciso lubrificar o eixo a cada mês ou a cada 3 mil a 5 mil quilômetros rodados. Caso o cardan do veículo tenha trabalhado sob água (no caso de enchentes e travessia de rios) ou na lama (em caso de atolamentos), ele deve ser lubrificado imediatamente.
Outro cuidado que se deve ter é com certas adaptações no cardan. Quando o comprimento do eixo é aumentado ou diminuído, ele passa a funcionar em condições fora do padrão que provocam problemas como ruídos e quebra de componentes. Se for realmente indispensável fazer alguma alteração, deve-se procurar alguma oficina especializada.
EIXO DIFERENCIAL – Tão importante quanto o cardan para o sistema de transmissão, o eixo diferencial aumenta a força do motor transmitido às rodas, diminuindo a velocidade da rotação e alterando o sentido do movimento em 90 graus. O componente também permite que as rodas traseiras girem em velocidades diferentes, quando preciso. Composto por dezenas de peças com ajustes muito sensíveis, o diferencial exige uma regulagem extremamente precisa para permitir o máximo desempenho e não gerar ruído. Com isso, a manutenção requer alta capacidade técnica. Se algum conserto não for feito da forma adequada, o eixo pode apresentar desgaste prematuro.
Fazer a lubrificação correta também é fundamental para o desempenho e a durabilidade do eixo diferencial. O óleo deve ser mantido sempre no nível recomendado e dentro do prazo de troca. Caso o componente seja submerso, deve-se substituir o lubrificante. Nos diferenciais comuns, sem sistema de tração positiva (blocante), deve ser usado um óleo hipóide multiuso, que atenda às especificações EP 85 W 140 API GL 5. Já nos diferenciais blocantes, deve ser utilizado um óleo LS 85 W 140 GLI 5.
E os modelos com tração positiva precisam de cuidados especiais na lubrificação. Abastecer estes diferenciais com o mesmo óleo dos eixos comuns ou com óleos mais finos para câmbio pode acabar com os discos de fricção do sistema. Isto acontece porque eles não conseguem entrar com facilidade entre os discos ou porque não têm a viscosidade necessária para evitar o atrito entre as peças. O ideal para que estes problemas não ocorram é usar nesses eixos sempre lubrificante original do fabricante ou óleos hipóides com especificações LS 85 W 140 API GL 5. A lubrificação dos componentes do sistema de transmissão de força é de extrema importância. Caso haja negligência, a peça terá sua vida útil afetada e pode quebrar. Uma dica importante para quem participa de trilhas e ralis é, depois das provas, lubrificar o cardan e os diferenciais e observar ruídos e folgas e os componentes que ficaram submersos.