Volkswagen: da lama ao Taos
Me inspirei no disco mais famoso da banda pernambucana Chico Science & Nação Zumbi (o clássico “Da Lama ao Caos”, de 1994) pra dar título a esta matéria. Foi um trocadilho, mas a lama da qual a Volkswagen quer sair é real: a última bronca foi a fraude realizada em cima da picape Amarok, que deixou vários clientes na mão e insatisfeitos com tamanha patifaria – e que rende processos até hoje. Aliás, a montadora tem um passado obscuro que não é de hoje, viu? Há de ligações com o nazismo – pra você ter ideia, a pedra fundamental da fábrica de Wolfsburg, sede da marca na Alemanha, foi colocada por Adolf Hitler, em 1938 – a cooperação com a ditadura brasileira, que inclusive rendeu acordo recente com a Justiça.
Mas a Volkswagen quer passar uma borracha nisso e mudar o foco, investindo no segmento que mais cresce em toda a América do Sul: o de utilitários esportivos. Daí o lançamento do T-Cross, do Nivus e agora do Taos, que será fabricado na Argentina para ser comercializado em todo o continente a partir do segundo trimestre de 2021 – então, versões, preços e detalhes mecânicos só mais para a frente.
Aliás, a unidade industrial da Volkswagen em General Pacheco, em Buenos Aires, é uma das poucas que ainda apostam nessa Argentina pré-falida e carcomida pela pandemia da Covid-19 e pelas revoltas da população contra o governo. Uma aposta arriscada, visto que grandes marcas como Coca-Cola e Honda já caíram fora.
A planta argentina recebeu um investimento de US$ 650 milhões para produzir o Taos, que utiliza a mesma plataforma global dos outros utilitários esportivos. Se esse investimento vai se pagar, isso ainda é uma incógnita, pois os problemas no país hermano só fazem piorar. Ou seja, Deus queira que a Argentina não vá para o buraco de vez em 2021, levando junto várias empresas, entre elas a Volkswagen. Pois aí o Taos corre o risco de nem ser produzido lá. Então, caso a montadora lance a pré-venda do veículo, não se arrisque.
O Taos tem um design de SUV tradicional, mais puxando para o T-Cross do que para o Nivus, que é acupezado. A frente é bonita, com para-choque marcantemente angular e nova assinatura visual noturna, onde os faróis são conectados com uma linha de luz de led que percorre toda a grade.
Nas laterais, ressaltam-se as caixas das rodas ‘quadradas’ e com cantos arredondados.
Destaque para os novos faróis de led, com alcance maior e mais amplo nas laterais, que incluem sistema antiofuscamento e que são capazes de acender conforme o ângulo de direção que o motorista gira o volante.
O interior é típico da VW, com a central multimídia de 10,1 polegadas do Nivus sendo quase uma extensão do painel digital de 10,25 polegadas, além de ter materiais suaves ao toque, acabamento com detalhes em couro, carregador de smartphone sem cabo e iluminação ambiente com 10 opções de cores.
Se tudo der certo e o Taos argentino vier mesmo para o Brasil, ele terá o motor 1.4 turbo brasileiro e câmbio automático, além de vir com piloto automático adaptativo, detector de pedestre com frenagem autônoma anticolisão, sensor de ponto cego e alerta de tráfego traseiro, entre outros sistemas de segurança.