VW T-Cross Comfortline 200 TSI leva nota 8 em test-drive
O Auto Destaque teve a oportunidade de avaliar o novo SUV T-Cross, enviado gentilmente pela Volkswagen via sua melhor concessionária na região Norte, a Grande Belém VW. A versão testada foi a Comfortline 200 TSI, na cor bronze Namíbia, que pra mim mais parece um marrom. E o veículo me surpreendeu, não só pela mecânica (traz motor 1.0 turboflex de até 128 cavalos – mas como só usei gasolina, só gerou 116 cavalos – e câmbio automático de 6 marchas) como também pelo nível de equipamentos, incluindo uma central multimídia maravilhosa e todos os opcionais possíveis – até teto solar panorâmico.
Pra começar, vou falar do tamanho. Medindo 4,19 metros de comprimento, 1,56 metro de altura, 1,76 metro de largura e 2,65 metro de distância entre-eixos, o T-Cross parece ter o tamanho ideal para um utilitário esportivo rodar nas grandes cidades, ainda mais contando com a segurança de uma câmera de ré de alta resolução, que fica ainda melhor na tela de 8 polegadas da central multimídia e inclui até sensores dianteiros. Para estacionar, é uma beleza!
O tamanho da mala é o ponto negativo desse comprimento: são apenas 373 litros na posição normal, que o fazem ganhar apenas do Chevrolet Tracker (306 litros), do Jeep Renegade (320 litros), do Chery Tiggo 5X (340 litros) e do Ford EcoSport (356 litros). Mas ele perde para o Hyundai Creta (431 litros), o Nissan Kicks (432 litros), o Renault Captur e o Honda HR-V (ambos com 437 litros). E perde feio para o Renault Duster (em cuja mala cabem 475 litros).
No design, o T-Cross tem o estilo padrão Volkswagen: sóbrio e sem firulas, do jeito que eu gosto, incluindo rodas de 17 polegadas (calçadas em pneus 205/55R), colunas centrais na cor preto brilhante e grade (também preto brilhante) e para-choque traseiro com cromados.
Outra coisa boa é a praticidade dos espelhos retrovisores externos fecharem automaticamente quando se desce do carro e o tranca pelo controle remoto da chave. E não é preciso tirá-la do bolso para abri-lo (basta encostar a mão na maçaneta) e ligá-lo (basta apertar o botão da ignição). Pena que, pra fechar, ainda é preciso usá-la. Outros SUVs (exemplo: o Renault Captur) possuem uma chave que automaticamente tranca o carro quando você se afasta dele.
Agora, voltando pra mecânica, o T-Cross é show, tanto na hora de acelerar quanto na hora de abastecer. Esse propulsor 1.0 turbo é milagroso, impressionando tanto no desempenho (0 a 100 km/h em 10,4 segundos e 184 km/h de máxima) quanto no consumo: cerca de 12 km/litro em percurso misto cidade-estrada. Como o tanque dele dá para 52 litros (e o carro foi entregue com o tanque cheio), pode-se dizer que a autonomia dá para mais de 600 quilômetros. Muito bom, isso! E ainda mais num carro que você pode acelerar quando quiser, que o ponteiro do tanque não cai assustadoramente – como se vê noutros SUVs por aí. Até hoje não esqueço do trauma de ter testado o Captiva quando chegou ao Brasil, em 2008: por conta do motor V6, tive que encher o tanque dele duas vezes numa semana!
Ele também freia muito bem – afinal, traz discos nas 4 rodas. Já a suspensão não se saiu bem na tábua de pirulitos que é a região metropolitana de Belém, mais parecida com a superfície da Lua. Era cada porrada seca, que eu vou te contar! Doía em mim!! Ainda bem que ele é o utilitário esportivo compacto com um dos menores custos de reparo do mercado e tem as 3 primeiras revisões de série gratuitas.
Dentro, o T-Cross Comfortline também segue o estilo germânico da montadora, só chamando a atenção pelos bancos revestidos de couro com detalhes marrons e pelos apliques no painel com a mesma cor da carroceria. Gostei.
No quesito Equipamentos, não senti falta de nada. Ele veio com tudo o que se precisa num veículo hoje em dia, como direção elétrica, 6 airbags, freios a disco nas 4 rodas, assistente de partida em subidas e volante com regulagem de altura e distância, além de duas entradas USB e saída do ar-condicionado até para quem vai no banco traseiro. Mas show mesmo é a central multimídia de 8 polegadas, que traz GPS via satélite (assim você não depende de sinal de celular, caso use o Waze ou o Google Maps) e uma conectividade fora de série. Apesar dele ter vindo com CD player dentro do porta-luvas (que ainda acho necessário, pois sou das antigas e gosto de comprar e colecionar compact discs), desta vez não quis usá-lo, pois usei o tempo todo o Deezer de um dos meus celulares.
Outro defeito grave nos veículos da Volkswagen: as palhetas dos limpadores do para-brisa podem ser tiradas num clique num segundo – um chamariz para bandidos depois as revendem nos sinais de trânsito e para viciados que as trocam por uma pedra de crack de 5 reais. Onde eu parava eu tinha que tirar as duas palhetas da frente e a palheta traseira, para evitar que fossem levadas. E ao voltar para o carro, tinha que colocá-las novamente, pois como chove todo dia em Belém, com certeza ia precisar dos serviços delas. Enfim, uma dor de cabeça à toa, pois outras montadoras têm sistemas seguros que evitam roubo ou que pelo menos dificultem levá-las tão rápido.
CONCLUSÃO: Mas, mesmo com os pequenos defeitos, o T-Cross é um veículo que vale a pena, se você não está atrás de design e gosta da tradição espartana da marca no que diz respeito a estilo. Pois oferece uma mecânica fora de série que gera alto desempenho sem prejudicar o consumo, além de ter a – pra mim – melhor central multimídia do mercado.